Advogado quer nulidade do depoimento de menor, que teria dito que amigo de Bruno 'desossou' Eliza
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06 Jul, 06h37
RIO e BELO HORIZONTE - O advogado Ércio Quaresma Firpe, que representa seis envolvidos nas investigações sobre o desaparecimento de Eliza Samudio, de 25 anos, afirmou nesta terça-feira que vai pedir a nulidade do depoimento do jovem de 17 anos ouvido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, após ser recolhido da casa do goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes das Dores Souza. O menor teria confessado que deu três coronhadas em Eliza e que Luiz Henrique Ferreira Romão, conhecido como Macarrão, braço direito de Bruno, teria "desossado" a jovem e dado seu corpo para cachorros comerem. A agressão do menor teria ocorrido no carro Land Rover do jogador, a caminho do sítio de Bruno em Esmeraldas, região metropolitana de Belo Horizonte.
- É um ato nulo. Menor só pode ser ouvido acompanhado de um representante legal ou legalmente constituído - ressaltou o advogado, que faz a defesa de Macarrão. - Esse depoimento ajuda demais o Macarrão. Onde já se viu um cachorro degustar 20 quilos de carne humana? - indagou.
Segundo o inspetor Guimarães, da Divisão de Homicídios, o menor contou que estava escondido no banco de trás do carro quando Eliza entrou no veículo, conduzido por Macarrão; ao descobrir a presença do adolescente, a mulher teria se assustado e tentado fugir, resultando nos golpes - o que justificaria as marcas de sangue encontradas no interior do veículo. O menor também disse, no entanto, que não matou Eliza, embora admita que ela está morta. Ainda de acordo com o menor, quem teria articulado o sequestro de Eliza teria sido Macarrão, e não Bruno.
Segundo o advogado de Macarrão, na próxima segunda-feira seu cliente deve comparecer ao Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) para prestar depoimento no caso. Quaresma confirmou também que outra de suas clientes, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, mulher de Bruno, deve prestar depoimento na tarde desta quarta-feira. Ela chegou a ser presa por subtração de incapaz ao tentar esconder o bebê de quatro meses de Eliza, que seria fruto do relacionamento da jovem com Bruno.
O depoimento do menor ainda está em andamento na sede da DH, na Barra da Tijuca, e é constantemente interrompido para que os interrogadores mantenham contato com a polícia mineira, que conduz a investigação sobre o desaparecimento de Eliza. Advogados que defendem Bruno estão no local, mas não atuam oficialmente em nome do menor, que é primo do jogador. A porta da delegacia chegou a ser fechada para evitar que jornalistas transitem no interior da unidade e atrapalhem as diligências policiais.
Ao tio, menor teria dito que coronhada matou Eliza
A polícia chegou até o menor depois que um tio dele foi até a Rádio Tupi e denunciou que o garoto havia participado no sequestro de Eliza e estava escondido na casa do goleiro, no Recreio. A polícia de Minas entrou em contato imediatamente com a DH, que conseguiu apreender o menor. O tio chegou a dizer que o jovem estaria sendo mantido em cárcere privado na casa do jogador. Porém, o advogado Monclar Eugênio Gama, que atua como assistente de Michel Assef Filho na defesa do goleiro do Flamengo, negou a acusação. Segundo o advogado, Bruno, que estava em sua residência, franqueou a entrada dos policiais.
Segundo a Rádio Tupi, o tio do menor é motorista de ônibus e mora em São Gonçalo. Ele contou que, no último sábado, o adolescente apareceu em sua casa desesperado. Ao tio, o jovem teria admitido que a coronhada provocou, de fato, a morte da mulher. A testemunha disse ainda que Bruno teria pagado o valor de R$ 3 mil a um homem chamado Cleiton para entregar o corpo de Eliza a um traficante que daria fim ao cadáver. O homem garantiu que, se o adolescente fosse procurado pelas autoridades, denunciaria todos os envolvidos no caso.
A mãe do jovem envolvido seria amiga da mulher de Bruno, Dayane Fernandes. O marido dela, padrasto do adolescente, é tio do goleiro. No sábado, enquanto o jovem estava na casa do motorista, teria recebido ligações de Bruno para ir para a casa do jogador. O denunciante disse que os advogados do goleiro estariam instruindo os envolvidos no sumiço de Eliza a dizer que ela teve uma discussão dentro do carro com o adolescente, e que acabou levando um soco no rosto.
Delegado quer ouvir Bruno até a próxima semana
Ainda nesta terça-feira, o chefe do Departamento de Investigações de Belo Horizonte, delegado Edson Moreira, procurou o advogado do goleiro do Flamengo e disse que, até a próxima semana, quer ouvir Bruno, Macarrão, a mulher de Macarrão e pelo menos mais dois primos do atleta. Todos estariam no sítio do jogador no período em que a jovem Eliza Samudio desapareceu. Moreira, disse, no entanto, que já tem subsídio para ouvir Bruno, mesmo sem o resultado do exame. O veículo Range Rover do jogador foi apreendido no dia 8 de junho e passou por perícia. Ainda segundo Edson Moreira, pessoas que já prestaram depoimentos devem ser chamadas novamente para dar mais esclarecimentos à polícia. Entre elas, o investigador citou a mulher do goleiro, Dayane de Souza.
Ainda nesta terça-feira, um dos advogados do pai da Eliza, Jader Marques, foi para São Paulo pegar o computador da jovem, na casa de uma amiga. O aparelho e outros pertences dela serão analisados pela polícia.
Também nesta terça, o Corpo de Bombeiros retomou as buscas pelo corpo de Eliza na Lagoa Suja, em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte. Uma denúncia de que o corpo dela teria sido jogado na lagoa levou os bombeiros ao local no domingo e na segunda-feira. A região fica próxima à casa de funcionários do sítio do jogador, no bairro Liberdade, onde o filho de Eliza foi encontrado com desconhecidos no dia 26 de junho. Nesta tarde, a investigação considera fazer buscas também na Várzea das Flores, uma outra lagoa próxima.